O bruxismo e a qualidade do sono

Especialista avalia o impacto do bruxismo na qualidade do sono e no repouso reparador. Leia o post e entenda mais!

Especialista avalia o impacto do bruxismo na qualidade do sono e no repouso reparador.

A Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial entrevistou o Dr. Miguel Meira e Cruz, especialista em Medicina do Sono, responsável pela Unidade de Sono do Centro Cardiovascular da Universidade de Medicina de Lisboa. Nesta entrevista ele explica como a Disfunção Temporomandibular (DTM) impacta negativamente a qualidade do sono e desmistifica a comparação entre bruxismo noturno e de vigília.

A Disfunção Temporomandibular está na classificação das Desordens do Sono?

A DTM não está na classificação atual dos distúrbios do sono. Apesar de muito frequentemente associada a alterações do sono, como a insônia ou os distúrbios respiratórios associados ao sono, e até com alterações dos movimentos, como o bruxismo do sono, que pode ser um dos fatores de risco para o surgimento de uma DTM. Assim, a DTM, não é, por si só, encarada como um distúrbio do sono. É, sim, um fator que pode ser determinante para um sono deficiente e de má qualidade. Também cabe apontar que, as DTM dolorosas são aquelas que mais interferem no sono.

Como ocorre o bruxismo durante o sono?

O bruxismo do sono, em contraste com o que sucede com o bruxismo de vigília, é processado em níveis de inconsciência mantida e que caracterizam o estado de sono. Os mecanismos da produção motora que classificamos como movimentos rítmicos orofaciais durante o sono são, em grande parte, desconhecidos, admitindo-se que, do ponto de vista neurobiológico, integram fatores relacionados com a neurotransmissão dopaminérgica e com o metabolismo do ferro. Do ponto de vista fisiológico, reconhece-se que o bruxismo do sono pode constituir, em alguns pacientes, um mecanismo de proteção, sobretudo contra as pausas respiratórias prolongadas que se mantêm numa apneia do sono e com as quais o refluxo, por exemplo, pode interagir.

Porém, também é verdade que o bruxismo durante o sono está muitas vezes associado a prognóstico negativo, seja nas estruturas orofaciais, seja numa associação com fatores de risco cardiometabólico, sugerindo que, nesses casos, possa ter um sentido diferente do sugerido pela “teoria funcional”. Admite-se, ainda, que em outras circunstâncias, atue apenas como um epifenômeno normal durante o sono, assim como sucede com outras atividades motoras repetitivas dos membros. Como se entende, dependendo da associação concreta, as abordagens poderão ser distintas. Em muitos casos não é necessário tomar alguma medida. Em outros, poderá ser útil proteger estruturas dentárias ou, ainda, preservá-las da interação que possa existir, com risco efetivo em órgãos e/ou sistemas diversos.

Bruxismo noturno e de vigília são a mesma coisa?

Não. Os mecanismos são diferentes, assim como a matriz neurobiológica. Não acredito em dois tipos de bruxismo radicalmente opostos. Recentemente, mostramos, por meio de uma tese de uma aluna, que a manifestação do bruxismo percorre os mais distintos pontos circadianos com relativa homogeneidade na distribuição ao longo do dia (matutino, vespertino, noturno e do sono). Isso nos deixa com a impressão de que estamos com um olhar viciado.

Para mim não é uma impressão, mas a mais factual das realidades. E se isso tem interesse? Claro que tem, tanto do ponto de vista epidemiológico quanto do clínico. A depender do tipo de manifestação circadiana, a interação com os distúrbios do sono é mais evidente. Por exemplo, o noturno, provavelmente, influenciará mais a insônia inicial, enquanto o do sono estará, provavelmente, ligado à apneia do sono e, eventualmente, à insônia de manutenção ou aos movimentos periódicos dos membros. O que isso quer dizer? Ainda não sabemos. Mas vale a pena pesquisar!

Como a qualidade do sono interfere no bruxismo?

Provavelmente de forma muito significativa, mas, também, depende das manifestações clínicas e do tipo de bruxismo. A ocorrência de bruxismo nas fases 2 e 3 do sono NREM serão, evidentemente, mais afetadas pela privação do sono e pelo rebote consequente desses estados do sono profundo. A insônia e a síndrome de atraso de fase vão, possivelmente, afetar o bruxismo noturno. É preciso não confundir, como muitas vezes aconteceu, noturno com sono. Nem sempre à noite o indivíduo dorme, mas o relógio biológico mantém o funcionamento!

(Texto: CROSP)

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